Dom José destaca que encontro dos romeiros com Senhor Bom Jesus é momento de renovação para vida
A Festa do Senhor Bom Jesus de Iguape, que iniciou em 28 de julho e finalizou no dia 6 de agosto, reuniu romeiros vindos de diversas regiões do país. O Bispo Diocesano de Registro (SP), Dom José Luiz Bertanha destaca, em entrevista, que o encontro dos romeiros com o Senhor Bom Jesus é sempre um momento de renovação para vida.
A cada ano aumenta a devoção dos romeiros ao Senhor Bom Jesus de Iguape, como senhor avalia essa devoção?
Dom José - Os romeiros vêm realmente para rezar, eles vêm em busca de algo que dê mais sentido à vida, pela oração, abertura da mente ao coração para a palavra de Deus, o encontro com outros romeiros e muitos pelo encontro do perdão. Outros buscam o encontro com Jesus Eucarístico e retornam para suas cidades reabastecidos, reanimados, com nova disposição.
Como o senhor descreve essa devoção dos romeiros ao Senhor Bom Jesus de Iguape?
Dom José - Dos anos que vivi aqui em Iguape e dos anos que estou na Diocese como Bispo, nós vemos que o povo se identifica com o Bom Jesus sofredor e parece que Jesus entende o sofrimento de cada família, de cada pessoa e as pessoas têm alguém que sofre como elas. Então, acho que está na raiz da espiritualidade do Santuário, esse aspecto da limitação humana, que traz o cansaço da vida, as provações, as dificuldades, as dores, os sofrimentos e a limitação da saúde.
O povo se identifica com o Bom Jesus sofredor, que na bíblia é chamado de Servo de Javé. O livro de Isaias, nos capítulos, 42, 49, 50, e 52 fala dos quatro cânticos do servo de javé, “a missão de dar a vida por aqueles todos que sofrem”.
O que os romeiros levam para seus lares desse encontro com o Senhor Bom Jesus?
Dom José - Os romeiros vêm em busca de mais vida. Eles encontram no Bom Jesus uma proposta de mais vida, mais amor, mais perdão, mais alegria e paz.
Nós estamos vivendo num mundo muito marcado pelo egoísmo, em busca de resultados rápidos, do lazer, do prazer, mas por trás tem um espírito de luta e quem esquece que tem espírito de luta, de trabalho de sacrifício e só quer coisa fácil não vai longe, porque o caminho é longo, lento e difícil. Quem encontra o rosto de Jesus, agora vai viver essa realidade dentro da família, dentro da sua casa lá dentro do seu lar, dentro da sua vida, da sua história. Por isso, eles voltam animados, renovados para mais um momento da vida. Teve gente que falou “venho há 15 anos”, outros “há 30 anos” e vários me falaram com muita alegria: “venho há 52 anos aqui em Iguape”. Então, parece que aqui é o ponto que eles se reabastecem pra depois enfrentar as dificuldades, a dor, o sofrimento, a doença e as contrariedades da vida.
Como o senhor define esse momento de encontro entre os romeiros e o Sagrado?
Dom José - É um pouco da passagem do evangelho que fala sobre a transfiguração, quando os três apóstolos João, Pedro e Tiago sobem ao Monte Tabor e vêem a transfiguração de Jesus. Esse é o ponto de chegada, porque Jesus vai a Jerusalém sofrer na mão dos políticos, sacerdotes, fariseus, das autoridades e vai morrer na cruz e todas as vezes que Jesus falou que ia morrer na cruz, eles não entenderam, pois como que um homem que faz tanto milagre e faz tanto bem vai morrer na cruz. Mas, o poder político é medroso e egoísta, quer as coisas pra si, e Jesus foi ensinar o mandamento do amor e morreu por isso, morreu porque quis ensinar uma vida de perdão, uma vida de fraternidade, uma vida de justiça.